Hyde Park!!

Chego ao Parque a correr num instante seguido de Tay.

- Então cansada? - Pergunto com um sorriso de troça no rosto.

- Por acaso, nem estou. - Respondi, sorrindo. - Vamos lá apanhar uns esquilos !

Dirijo-me para perto de uma árvore e começo a imitar o som que os esquilos fazem. De repente aparecem vários nos troncos, a espreitar. Dou um impulso no chão e salto bem alto agarrando-me num tronco.

Arghhh estão feitos amigos.

Subo para cima do tronco e do bolso tiro migalhas de pão e estendo a mão. Num segundo 2 esquilos já estão na minha mão a comer as pequenas migalha,s e com um movimento brusco da mão atiro os dois esquilos para fora do tronco, que acabam por cair no solo, já mortos, ao lado de Taylor.

- Uppps quase que te acertava. Sorry!

Soltei uma pequena gargalhada.

- Não tem mal. Precisas de ajuda aí ? - Disse, tentando participar.

Salto de novo para o terreno verde, aterrando ao lado de Tay.

- Podes ir agora tu para cima. Eu vou-me alimentar dum destes aqui já mortos e o outro vou enfialo na mochila. - Tiro a mochila das costas e coloca-a no chão já aberta. Atiro lá para dentro um dos esquilos mortos.

É agora, finalmente!

Os meus olhos tornam-se vermelhos e os dentes saem para fora, mais afiados do que normal. Agarro no pequeno animal e mordo-o na zona do pescoço, começando a sugá-lo muito lentamente.

Saltei para um ramo um pouco baixo e de seguida, para outro situado mais alto, onde podia apanhar melhor as pequenas criaturas. Tenho que conseguir apanhar pelo menos um, tenho que mostrar que sei fazer alguma coisa.

Estava a correr de noite no parque, enquanto ouvia música. Sou obrigada a parar porque avisto dois vultos, uma rapariga e um rapaz a conversarem na zona relativamente escura. Começo a tirar os phones dos ouvidos e desligo o Ipod. Guardo-o no bolso dos calções.

Mas o que estarão a fazer pessoas aqui a esta hora? Ainda por cima ali...

Vou-me aproximando lentamente, mas páro estática ao ver aquela imagem, uma rapariga que não podia ser muito mais velha que eu, a saltar de ramo em ramo numa árvore bem alta, o choque dura apenas 2 segundos e a minha mente começa a funcionar automaticamente. Escondo-me atrás de um arbusto com esperanças de que estes 2 monstros, um macho e uma fêmea, estivessem suficientemente distraídos para confundir os ruídos dos meus silenciosos movimentos com o movimento da rua atrás de mim.

Não pode ser. Não, eles não podem ser. Tenho de ter mais certezas.

Espreito para fora do arbusto e tenho uma imagem bastante assustadora e perturabadora. O rapaz está de lado para mim, mas consigo ver tudo na perfeição. Ele está a alimentar-se de um pobre esquilo. Com força e sem tentar fazer muito barulho arranco um pau de madeira de dimensões médias
do arbusto, sem fazer muito barulho.

Agora!

- Hey! Hey! Hey! - Saio do sítio onde estava escondida, ainda com o pau na mão.

Ouço uma voz feminina e sensual ao meu lado. Atiro logo o esquilo para o chão e respiro fundo poucas vezes até os meus olhos e dentes voltarem ao normal.

Quem é esta? Estamos tramados ela deve ter visto.

Antes de me virar para a voz limpo a boca com a manga do casaco, desaparecendo assim quaisquer rastos de sangue. Olho para cima e faço sinal a Tay para ficar quieta e não se mexer.

- Boa noite...

Uma rapariga morena, provavelmente da minha idade, aproximou-se com um pau e o Jeremy fez-me sinal para ficar quieta na árvore, então, mantive-me o mais quieta que consegui. Controlei a minha respiração e agarrei-me bem à árvore. Já me descuidei com o copo de sangue, não posso descuidar-me agora e cair da árvore. O Jeremy passava-se de vez. Desliguei dos meus pensamentos e tentei ouvir a conversa deles.

Estavam os dois a olhar para mim, quietos. A rapariga estava claramente faminta e não percebi porque que ainda não me tinha atacado mas logo reparei que o rapaz era obviamente quem a controlava. Fiquei parada com o pau levantado, sem perder a calma.

Espera, ele acabou de me cumprimentar?? Mas por quê? Porquê que ainda nenhum me atacou? Será que se vão divertir a torturar-me primeiro e depois matar-me? De qualquer maneira, ficariam bastante mal depois da dose de verbena...


- Acabei de beber uma grande dose de verbena, se eu fosse a ti não me punha com ideias.

Será que assim vou ganhar mais tempo ou isto vai enfurece-los mais??

Dou um passo em frente, de modo a puder ver melhor a quem aquela voz pertencia.

Wow!

Sinto arrepios pelo corpo todo e algo que nunca senti antes. Algo dificil de explicar. Só sei que não consigo tirar os olhos da rapariga. Ao ouvir a resposta da giraça estremeço e volto sem demoras à situação.

- Estás a falar do quê, miúda? Parece que alguém andou a beber. - Solto uma gargalhada falsa, tentanto disfarçar o sucedido.

Fico a olhar para o rapaz. è muito giro, claro, são todos. E aquele olhar...

Concentra-te!
Ele está mesmo a tentar baralhar-me depois do que eu acabei de ver?

''ring ring'' Recebo uma mensagem, tiro o telemóvel rapidamente e leio, sem nunca deixar de ter noção da posição das duas criaturas. É a Emma, estava à minha espera, respondo em poucas palavras e volto a guardar o telemóvel.

- Eu sei o que são e não me vais enganar com os teus truques.

- Ah então se sabes o que somos e ainda estás aí parada a chatear-nos tenho-te a dizer que és muito... hmmm... burra, sabes? - Digo isto enquanto continuo a olhar atentamente a rapariga. Agora os meus olhos estão cravados nos dela.

Como é que ela sabe da existência de vampiros?

Ele acabou de me chamar burra??......... Epá, até tenho que admitir que não foi muito inteligente, mas o que está feito está feito...

Fico a olhar para ele, desta vez sem resposta inteligente para dar...

- Tens sorte de estar sob o efeito de verbena... Não penses que te iria atacar caso contrário. Só se continuasses a chatear muito! - Um sorriso manhoso aparece no canto da minha boca. - O mais provável era acordares no dia seguinte sem te lembrares nada desta noite, se é que me... entendes.

Os olhos dela, o cabelo dela, o cheiro dela, a face dela, tudo é... incrível!

Daqui de cima, consigo ouvir a conversa deles, mas não os estou a ver bem por causa destas folhas estúpidas, talvez se me mover um pouco consiga ver melhor a rapariga. - Sentei-me no ramo onde estava em pé e algumas folhas caíram, mas acho que nunca deles reparou, pois continuaram a falar. Agora tinha uma visão mais clara da rapariga e dos seus traços físicos. Cabelo castanho, um pouco abaixo dos ombros, olhos também castanhos, roupa simples mas com estilo. - Mas como é que ela sabe da verbena ? Ao menos o Jeremy está a tentar que ela se vá embora, eu também já estou farta de estar aqui "pendurada".

- Agora está na altura de tu ires embora, não? - Reviro os olhos ao dizer isto, já impaciente.

Gostava de a conhecer melhor. Gosto de mulheres com coragem e ela tem muita. Para além do mais é esperta.

Arregalo os olhos admirado.

- Pensava que tinhas percebido, mas eu repito de uma maneira mais fácil outra vez. - Ajeito a voz, tossindo - NÓS... NÃO... MATAMOS... HUMANOS. Melhor? Vá agora vai antes que me arrependa.

Preparava-me para virar costas, quando me lembro de um pormenor importante.

- Sabes que agora podemos encontrar-te facilmente, certo? Por isso se descobrirmos que contaste a alguém sobre nós, já sabes. - Pisco o olho e viro-me de costas. Abaixo-me para fechar a mochila.

Não percebo porque que este mes está a tenatr convencer de que não matam pessoas...

Parece que se vão embora, devia estar a fazer alguma coisa para os matar, mas não tinha hipóteses... Quando ouvi aquela ameaça pensei na Emma, sentada na minha sala, à minha espera e lembrei-me do constante perigo em que eu lhe estava a por...

Levanto-me e inclino a cabeça ligeiramente para trás, fazendo sinal a Tay que podia saltar.

- Tay desce daí, vamos embora!

Quando ouvi o Jeremy, apercebi-me que era seguro descer e então saltei sem mais demoras.

- Quem era aquela ? Como é que ela sabia sobre nós ? - Perguntei, exaltada, enquanto sacudia algumas folhas da minha roupa e cabelo.

Fiquei ali sozinha, quieta durante uns minutos para tentar perceber se ainda estavam por aí. Depois, voltei para casa, sem pressas para poder ter tempo de pensar em tudo isto antes de ir ter com a Emma.

- Falamos quando chegarmos a casa. Não é seguro aqui.

Corro juntamente com Tay para fora do parque rumo ao apartamento.