Kitchenet!

Aguardo em silêncio pela chegada de Taylor, andando de um lado para outro na zona da sala impaciantemente.

Também nunca mais chega, porra!

Corri até chegar à kitchenet, onde o Jeremy me esperava, impaciente.

- Desculpa! Desculpa! Okay, já aqui estou.

Cruzo os braços e reviro os olhos.

- Já não era sem tempo minha menina!

- Ok ok. Queria continuar a conversa de ontem sobre os caça... - Não acabo frase, pois sou interrompido pela campainha da porta a tocar - Opa mas quem será agora?! - Acrescento enquanto abandono a Kitchenet.

Logo agora que ia ficar interessante... - Agarro no copo que tinha deixado com algum sangue em cima da bancada e sigo o Jeremy até à porta.

Páro precisamente atrás de Taylor e toco-lhe 3x com o dedo indicador no ombro, sussurrando:

- Buuuuh!

Virei-me bruscamente e sorri embaraçada, para o Jeremy.

Então Jer, tudo bem... - Disse, tentando evitar o assunto do descuido do copo.

- Claro que está tudo bem, então não? - Esboço um sorriso bastante falso e logo volto para uma cara séria, mas no fundo de troça - Achas mesmo que te irias escapar ao sermão Tay? Aliás nem lhe chamemos sermão....

- Estava com esperança que te tivesses esquecido... - Disse, sentando-me na bancada.

Cruzo os braços e olho fixamente para Taylor, inclinando a cabeça um pouco para o lado e olho-a desconfiado.

- Desculpa, mas um descuido deste tipo não posso simplesmente esquecer e deixar passar. Tens de ter mais cuidado, é só isso. Promete-me que o vais fazer a partir de agora. Não podemos deitar tudo a perder agora que viemos para aqui, certo?

- Eu sei. - Disse, baixando a cabeça. - Desculpa, eu prometo que terei mais cuidado a partir de agora. - Continuei, fazendo ênfase na palavra "prometo". Quando faço uma promessa, é para ser cumprida.

Pronto pronto pronto, está bem, está tudo bem. - Descruzo os braços e lanço um breve sorriso a Taylor, aproximando-me dela e dando-lhe um beijo na testa. Depois rumo à Sala onde me sento no sofá.

Já estou com uma fome...

- Taylor desculpa, mas podes chegar-me um copo com sangue por favor? - Pisco os olhos várias vezes, como quem pede um grande favor.

Abri o frigorífico e fiquei boqueaberta com o facto de já não haver sangue.

- Jeremy... Não há mais sangue. - Disse, olhando-o.

- Hum não há problema. Parece que hoje alguém vai à caça. - Ergue as sobrancelhas e com o dedo indicador aponta o dedo a Tay e a ele próprio, sempre sorrindo como habitual. Pelos vistos o mau-humor já tinha passado.

Também precisamos de arranjar sangue humano, mas isso arranja-se aqueles saquinhos dos hospitais. O problema é como é que lhe vou dizer isto sem ela levar a mal. Ela não vai perceber logo que é só para emergências.

- Talvez até me faça bem ir mais à caça, para me começar a habituar. - Dirigi-me para perto do Jeremy e sentei-me ao seu lado. - Quantas mais vezes o fizer, melhor, mais rápido me habituarei. - Sorri-lhe. Ainda bem que só temos de caçar animais, não imagino como seria matar seres humanos inocentes.

Sim sim, é por isso que temos ido juntos para tu te habituares e ires aprendendo e praticando. Até agora ainda só caçámos animais de pequeno porte, como esquilos. Também por aqui perto não há muito mais para caçar. - Reviro os olhos - Um dia vamos explorar as florestas dos subúrbios da cidade. - Acabo a frase a sorrir e olhando atentamente para Tay.

- Ah, isso talvez até seja divertido. - Disse, sorrindo. - Afinal, não podes ficar-nos sempre por esquilos. - Disse, soltando uma gargalhada.

Solto uma gargalhada também antes de continuar a falar.

- Hum... E há outro assunto que eu... que eu queria falar contigo. - Digo lentamente e pensando bem em que palavras usar.

- Claro, sem problema, podes dizer. - Disse, colocando uma cara mais séria.

Deixo de olhar Taylor e fixo o meu olhar na televisão que se encontra desligada.

- Prepara-te, porque isto não é um assunto propriamente fácil. - Faço uma pausa dramático e continuo segundos depois. - Então é assim... Antes de nada eu descobri isto nas minhas pesquisas e tem lógica... Há vampiros, como tu já sabes, que se alimentam exclusivamente de sangue humano fresco, pois para eles matar é bastante fácil. Há outros, como nós, que têm piedade e são vampiros "bons" dizendo assim, que só se alimentam de sangue de animais, mas... mas por vezes quando ficam demasiado fracos, feridos gravemente, ou até mesmo à porta da morte, são obrigados a beber sangue humano. É um instinto de sobrevivência entendes? - Acabo por aqui só para processar como continuar e como explicar.

Remexo-me no sofá nervosamente.

- Espera, isso quer dizer que temos que matar humanos ? Jeremy eu não estou pronta, eu não quero matar seres humanos ! - Abri os punhos e tapei a face.

- Não, não, NÃO mesmo!!! - Interrompo Tay, falando num tom apressado e com a voz a estremecer. - Nada disso! Há outras maneiras de arranjar sangue humano. - Agora olho novamente para a rapariga, não desviando o olhar por nada. - Temos de rouba-lo dos bancos de sangue doado do hospital. Não te preocupes, não somos os únicos a fazê-lo.

Eu sabia que ela ia reagir assim. BOLAS!

Acalmei-me ao saber que não teríamos que matar ninguém.

- Mas como se rouba sangue de um hospital sem ninguém dar por isso ?

- Simples, mesmo simples. Conseguimos entrar lá dentro e sair em 20 segundos sem ninguém dar por nada. Velocidade... Diz-te alguma coisa? Se por acaso no momento em que estivermos no banco de sangue e formos apanhados, podemos usar sempre o controlo da mente. Fácil não é? - Começo novamente a sorrir ao ver a expressão de alívio no rosto de Tay.