Kitchenet

Cheguei a casa e tirei o casaco, pousando-o no sofá mais próximo.

- Opa isto de conhecer a cidade até dá o seu cansaço. - Disse bocejando.

Entrei em casa, a seguir ao Jeremy e atirei-me para o sofá.

- Nem me digas nada, estou tão cansada, acho que já não me levanto daqui. - Disse, espetando a cara na almofada mais próxima.

Dirijo-me à cozinha e abro o frigorífico, tirando lá de dentro duas garrafas de plástico que continham no seu interior sangue de coelho bravo.

- Tens a certeza que não te vais levantar nem para beber? Eu cá estou com uma sede dos diabos! - Exclamo enquanto abrio a primeira garrafa, bebendo quase tudo de uma só fez.

Levantei-me e rastejei até à cozinha, dirigindo-me ao frigorífico.

- Estava mesmo a precisar de beber qualquer coisa. - Disse, enquanto bebia da garrafa e olhando para Jeremy. - A sério, como consegues beber tanto?

Ainda segurando a garrafa na mão lanço um olhar desconfiado a Taylor, dizendo naturalmente:

- Oh até aparece! Já não bebia nada desde a altura em que matámos aquele pobre esquilo no Parque, esta tarde... - Volto a levar a garrafa à boca, bebendo o resto do líquido muito rapidamente.

Baixei a cabeça, encarando o chão.

- Nem me fales nisso, ainda não estou habituada a andar por aí a matar animais inocentes. - Disse, bebendo outro gole da garrafa logo a seguir.

- Espera, preferias andar a matar pessoas, seres humanos?! - Interrogo enquanto abro a porta de um dos armários de baixo da cozinha, colocando no respetivo caixote do lixo a garrafa, já passada por água.

Volto-me de novo para Tay, sorrindo.

- Gosto disso, sabes? Vejo que estás a aprender comigo e a levar as coisas de uma maneira séria, o que é bom. - Aproximo-me da rapariga dando-lhe um pequeno beijo na testa. - Eu sei que para ti ainda é dificil, por vezes, resistir ao impulso de matar e busca de sangue humano fresco, porque ainda és nova, mas lembra-te da sensação com que ficas após o fazeres. Arrependimento...

Eu sei, tu sabes como me controlo para não matar seres humanos. Afinal, eles não têm culpa de nada. - Sentei-me num dos bancos da cozinha. - Obrigada por tudo, por me ajudares nisto.

Sento-me num dos bancos ao lado da Taylor.

- Sabes perfeitamente que fiz isto por ti miúda. Quando me contaste da tua história era o minimo que podia fazer. Não te podia deixar morrer... Não conseguia. - Uma expressão de tristeza aparece no meu rosto - Eu tive uma sensação de que iriamos ficar grandes amigos logo quando te vi. Fiquei logo a gostar de ti.

- Eu sei logo em quem posso ou não confiar quando conheço alguém novo. Chama-se instinto.

Levanto-me do banco e saio da cozinha, indo em direção à sala, onde me atiro para cima do sofá e com um simples piscar de olhos ligo a televisão.

Levanto-me e sigo o Jeremy até à sala, sentando-me noutro sofá.

- Hey Jeremy, uma pergunta, existem caçadores de vampiros ? Se sim, o que é que eles nos fazem ? - Pergunto, preocupada.

Estremeço ao ouvir a palavra "caçadores de vampiros", sentando-me direito no sofá. Viro a cara para Taylor, encarando-a seriamente.

- Porquê essa pergunta agora? Acho que não vais querer saber. Quer dizer, é preferível que não saibas para teu bem. - Digo com algum tom de preocupação na voz.

Reviros os olhos e depois olho novamente para Taylor.

- Desculpa. Fui bruto, eu sei. É só que esse assunto não é nada fácil falar. Sabendo que depois de mortos ainda podemos morrer... - Faço uma breve pausa, piscando o olho direito - Se é que me entendes... Com isto respondo à tua pergunta. Sim, existem esses tipos. São raros, a meu ver, mas existem.

- Oh... Está bem então, obrigada Jer. Ahm, acho que vou para o meu quarto descansar. Vemo-nos logo ? - Disse, enquanto me dirigia ao meu quarto.

- Ok, vai lá. Descansa bem. Eu também já vou. - Digo sorrindo, enquanto sigo Tay com o olhar até ela desaparecer.

Deitei-me na minha cama encarando o tecto, a pensar em como seria a minha vida daqui para a frente. Como estariam os meus pais e os meus amigos ? O problema é que não os podia contactar, ou iam começar com perguntas e provavelmente iriam querer vir buscar-me. Mas eu estou bem aqui, para além de que eles não podem saber o que sou agora. Mas eu adoro-os...

O que é que vais fazer Taylor ? - Disse para mim mesma, fechando os olhos.